“Quando a vida não te pertence – Memórias de juventude, Parte II”, (Texto 6 de 35)
Atento, responsável, perfecionista, de raciocínio rápido,
disciplinado e dedicado, assim era Rodrigo Lobo. Maduro para a idade, o menino
homem que viria a ser o melhor aluno do seu curso, não ficou a saber nos tempos
de faculdade o que era ficar inebriado por algo mais do que conhecimento.  
Já a sua tese de mestrado, versou sobre o branqueamento de
capitais e o financiamento do terrorismo, não tendo, no entanto, apesar de
concluída, chegado a ver a luz do dia.
Numa tarde de junho, preparava-se para sair da faculdade quando
foi abordado por um sujeito com alguma idade, de ar distinto e que parecia o
estar a aguardar e que lhe fez sinal. 
Pouco abaixo estava um Mercedes Benz Classe S, preto, com um
motorista no interior no banco do condutor e um outro homem, cá fora, junto ao
carro, de fato escuro e uma postura rígida que denunciavam uma eventual função
de segurança.
- Boa tarde, Rodrigo. E se eu lhe disser que posso fazer de si um
homem muito rico?
E este foi um momento que para sempre iria mudar a sua existência,
efetivamente, Rodrigo nunca chegou a namorar com a filha do acionista
maioritário, apesar do rumor que foi veiculado com um propósito e bem-sucedido
no resultado final. 
A sua postura descontraída, mas responsável, o seu charme e
capacidade argumentativa, a coerência e capacidade de trabalho, acabaram por tornar
credível uma ascensão meteórica de assessor a administrador da área do Pessoal,
apesar do mérito nunca ter sido verdadeiramente seu. 
Rodrigo foi inúmeras vezes visto com uma jovem, apresentada até
pelo próprio, como a filha do acionista, que pouco mais era do que a concubina
desse senhor e que o vinha buscar para o acompanhar até ao local de reunião.
E não era assim tão difícil de acreditar nos argumentos que
Rodrigo poderia ter para conquistar tamanha beleza, visto poder considerar-se
que apesar de não ser propriamente um modelo de capa de revista, não deixava de
dar origem a uns quantos virares de cabeça ou provocar mesmo suspiros, pequenos
risinhos e sussurros entre as empregadas do hotel. Sim, havia qualquer coisa
nele que prendia à atenção, que o tornava desejado e desejável. Ele era o tipo
de homem que as mulheres queriam ter e que os homens queriam ser.
Admirado e respeitado, Rodrigo era conhecido como homem virado
para a família, acessível de trato e profissional, mas sem dar azo a que
conhecessem a pessoa.
“Como assim?”
Que música é que ele gostava? Qual era o seu prato ou bebida
favoritas? Qual seria a sua viagem de sonho? O que é que fazia nas férias? 
Quem teria sido o Rodrigo por detrás da capa? Quem teria sido o
Rodrigo por detrás das funções?
Se algum dos amigos e conhecidos se desse ao trabalho de parar uns
segundos que fosse para pensar o quanto o conheciam, acabariam muito
simplesmente por chegar a esta mesma conclusão.
“O que é que eventualmente sabiam do Rodrigo, tirando o trivial?” 
Pouco, muito pouco, basicamente nada. Rodrigo conseguiu passar
pela vida e existia sem existir. O misterioso homem com cara de menino que
transbordava integridade e brilhantismo, que silenciava uma plateia mesmo se
fosse para falar de ovos mexidos e que recebia uma ovação no final.
Caro João
ResponderEliminarInteressante o que escreve sobre o Rodrigo Lobo. Misterioso, quase.
Até agora. Fiquei curiosa sobre alguns pontos mas vou esperar para ver:
o ter sido abordado por um sujeito com "ar distinto" e do sucesso
que teve "apesar do mérito nunca ter sido verdadeiramente seu".
Bom ritmo leva este conto.
Parabéns.
Abraço
Olinda
(sorrisos)
EliminarTal como no reino animal acaba por haver um “sistema de cores” ou formas de atuar que inspiram cautela, também no reino dos humanos acredito que por vezes (nem sempre, como é óbvio) o “ar distinto” deve ser tomado com cautela…
Pois é, eu dou uma infinita lista de qualidades ao senhor e depois este não tem mérito nas promoções… (sorrisos)
Muito obrigado, abraço e bom fim de semana
Muito curiosa esta personagem. Nota-se que o apelido não foi escolhido ao acaso mas para encaixar à medida na personagem. E não sei bem como veio-me à memória um outro personagem também muito misterioso que conhecemos num museu em Barcelona, embora me pareça que não foi esse o caminho deste Lobo. Parece que este terá enveredado por um mais espinhoso. A ver vamos o que o autor tinha em mente bem mais lá para a frente, não é mesmo?
ResponderEliminarAbraço e saúde
Eu que escondo sempre o jogo… mas a Elvira é a minha “perdição” (sorrisos)
EliminarEu confesso que fico muito feliz por a Elvira lembrar-se dos meus contos passados (verdade). Tanto que vou deixar aqui umas quantas “inconfidências”.
Eu não fiquei totalmente contente com o resultado dos meus contos anteriores (não é uma surpresa – tenho este feitio) e tenho em pensamento trabalhar esses contos um pouco mais e alterar o desfecho e as questões que gostei menos.
E nessa sequência, tenho em mente… adaptar o conto que falou, bem como o outro que se passou no Algarve e que contava a história de Kate.
E estou já muito provavelmente a contar mais do que queria (sorrisos – eu que gosto de contar sempre tão pouco e deixar à descoberta) mas penso substituir esse personagem que falou do conto passado em Espanha, bem como o outro do conto passado no Algarve (o que acompanhava Kate), (ambos os personagens masculinos) por um personagem que está neste conto (mas vivo) e que é o personagem principal desta nossa história atual (e que não sei se alguém já adivinhou qual será).
Também penso, no conto que retrata a história de Kate reformular consideravelmente e Kate terá outro nome e será… portuguesa e tenho já muitas ideias para contar a história desta nova personagem e fazer deste “casal” uma dupla que entra nos contos um do outro.
Outra indiscrição, a Kate quase que apareceu neste conto e escrevi mesmo cinco publicações (com ela a participar) que “deitei para o lixo” porque escolhi não ir por esse caminho (Não sei bem que categoria dar a este conto, provavelmente nenhuma – sorrisos – mas com Kate teria passado a estar relacionado com espionagem).
Muito obrigado, abraço e bom fim de semana
Nunca se sabe muito bem quem é o quê atrás da capa...
ResponderEliminarAbraço :)
Abraço e obrigado
EliminarOlá,
ResponderEliminarE continuamos com a personagem Rodrigo, envolta em algum mistério.
Resumindo, ele era um estudante de Economia e Finanças, presumo, atraente e inteligente, mas das coisas comuns pouco se sabia dele, ou o autor do conto, não quer que se saiba para já, ou talvez não sejam relevantes.
Não sei se o homem que o abordou à saída da faculdade, quereria mesmo fazer dele um homem muito rico, ou se a intenção era outra (ai, eu a tentar dar a volta ao conto-rs, e eu que não sei escrever contos, nem gosto deste tipo de escrita. É muita trama, muito enredo, ao contrário dos meus poemas que são clarinhos como a água - rs).
Bem, Rodrigo era um homem charmoso, embora não se deixasse revelar e conhecer, mas há sempre um dia, em que as coisas mudam.
Quem escreve, seja que tipo de literatura for, mostra sempre um bocadinho de si, mesmo não desejando que saibam quem é e como é a pessoa que escreve. Estar na "clandestinidade" deixa-o (a) muito mais à-vontade, pensa ele(a).
Beijo e um bom fim de semana.
Os seus poemas são plenos de magia e de bons sentimentos. Em todo o caso, eu sei o que representa para quem gosta de poesia ler contos… (sorrisos) e agradeço a atenção.
EliminarQuem escreve dá e mostra um pouco de si e o eventualmente mostra o mundo de acordo com o seu próprio olhar e o que pensa dos outros (ou o que pensa que os outros pensam)
Um beijo, obrigado e boa semana
Rodrigo Lobo o misterioso.
ResponderEliminarLobo em pele de cordeiro?
Ou simplesmente,: Forte, Guerreiro, Instintivo?
Bom fim de semana, João
Não posso dizer... (sorrisos)
EliminarUm beijinho para ti
O que o destino terá preparado para o Rodrigo? O que realmente o homem que o esperava à porta da faculdade, quereria mesmo com ele? qual seria o verdadeiro propósito da sua admissão?
ResponderEliminarFez-me lembrar a historia de uma pessoa de família, à qual lhe foi oferecido um "Grande" emprego, que afinal lhe veio a trazer um mundo de problemas, pois a empresa estava à beira da falência.
Aguardemos a continuação do percurso de vida do Rodrigo.
Bom fim de semana
Abraços
Quando a oferta parece fácil significa que haverá algo de difícil a enfrentar (sorrisos)
EliminarMuito obrigado, abraço e boa semana
Sim, faz antever o que o destino terá preparado para o personagem principal
ResponderEliminar:-)
Obrigado, abraço e boa semana
EliminarA seu tempo será aberta a "porta" da personagem Rodrigo Lobo. até lá...
ResponderEliminarParabéns
Abraço
SOL da Esteva
Obrigado, boa semana
EliminarPassar pela vida é uma existência triste.
ResponderEliminarAbraço, boa semana
Sem dúvida... abraço
EliminarAguardando com ansiedade as "páginas soltas" seguintes. Já com sentimento de pesar por uma personalidade como o Rodrigo , não ter tido dias felizes.
ResponderEliminarAbraços, João
Consigo concordar… penso que o personagem merecia melhor sorte (sorrisos). No fundo nem enquanto o considerei como personagem principal (foi de curta duração – sorrisos) lhe ofereci uma vida fácil… dentro de algumas qualidades promissoras.
EliminarAcima de tudo, para mim, Rodrigo representa determinadas “questões” familiares e profissionais e talvez até da relação entre as pessoas que quis trazer para o enredo. Do que já foi publicado, sublinho talvez um desvirtuar das relações familiares e um desvirtuar das relações de amizade até quando há uma centralização do “eu”, quando me parece haver igualmente uma centralização no “ter”.
Obrigado, abraço e bom fim de semana
Pode ser uma maneira de defesa.
ResponderEliminarpelo menos assim acho.
beijo
:)
Sim, acredito que para Rodrigo tenha sido uma defesa, a mente terá escolhido por ele o “esquecer” e tal lhe permitiu agarrar as algumas oportunidades e eventualmente também o facto de se ter centrado nos estudos em algo que tem teoria estaria mais ao seu alcance de controlar (foi a minha visão)
EliminarObrigado, um beijo e bom fim de semana
Havia qualquer coisa nele que prendia à atenção, que o tornava desejado e desejável. Ele era o tipo de homem que as mulheres queriam ter e que os homens queriam ser.
ResponderEliminarNão só os homens, mas nós, mulheres, desejamos , se fizermos por onde, sermos
Admirados(as) e respeitados(as)...
Tenha dias abençoados de paz!
Abraços fraternos, João
Qualquer pessoa merece ser isso mesmo, desejada, admirada e respeitada, assim o considero apesar de nem sempre achar que a humanidade caminha nesta direção.
ResponderEliminarMuito obrigado e um abraço fraterno
Cada vez mais curiosa acerca deste Rodrigo ( gosto de lobos) :)
ResponderEliminarO que será que vai acontecer...
Brisas doces *