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"Dou-te quase tudo" - Que nunca nos falte o amor

  Todos os dias, pela manhã, aos primeiros raios de luz, salta da cama, deixando a dormir o próprio despertador e Margarida, ela, bem enrolada ao édredon, bela como a vida, cabelos desgrenhados e a expressão tranquila de quem sonha com um mundo pleno de cor. Dezembro parece querer publicitar a chegada de mais um Inverno, húmido, cinzento e frio, com chuviscos e dias escuros. Numa rotina, quase perfeita, coloca o pão a descongelar no micro-ondas, espreme laranjas, prepara uma manga, deixa na mesa o queijo, a manteiga e o fiambre de frango, enquanto toma o seu primeiro café, não sem antes ligar o aquecimento da casa de banho. Estende a roupa deixada na máquina na noite anterior, abre as portadas da sala e deita um olhar de relance à lareira, ao sentir uma agradável sensação de conforto térmico, ainda fruto do crepitar passado. Leva o cão à rua, sente o ar gélido, faz uma careta e solta-o no jardim, em frente ao condomínio, enquanto aperta o cachecol e dá ordem para que se despa...

“Palavras Paralelas”

Ela suspira profundamente, num daqueles momentos em que se olha para trás e já não somos capazes de reconhecer a pessoa que fomos, ou aquela que teríamos gostado de vir a ser, confrontados com a realidade transformada em vida. Conhecem o sentimento? Lá fora, o céu, adornado com vestes em tons de um azul luminoso e celestial, deixa a descoberto grandes castelos brancos a encobrir o sol, com focos de luz a romper e a eternizar o momento. A viatura avança lentamente pela estrada estreita a acompanhar um horizonte desenhado por vales verdejantes e idílicos, vigiados de perto pelas grandes montanhas, companheiras de uma existência. Pelo espelho retrovisor vê um coelho a atravessar, no momento imediatamente posterior à passagem do carro, um pouco mais à frente, uma águia atenta, sobrevoa o pequeno riacho, não assim tão distante da barragem. Ao chegar à ponte de pedra, abranda e acaba por decidir parar o veículo num estacionamento lateral, com uma vista de deslumbre sobre as montanhas e a flo...

"Uma Imagem por um Texto"

Imagem
Pensar em nada, absolutamente nada, por um pequeno momento que seja, tão-só frações de segundo e deixo-me assim deslumbrar pela aparatosa explosão das ondas, numa dança viva da maré, com o branco da espuma a evidenciar-se e a atingir a areia numa perfeita sinfonia, colorida pelo profundo azul do mar e dos céus a revestirem todo um horizonte. Encandeado por um resplandecente sol de abril inesperadamente adverso, viro-me para o mar como que a contemplar o mais belo dos espetáculos e meto as mãos nos bolsos, por forma a encurtar o ar gélido que se faz sentir, apenas eu, o meu sol, o meu mar, a minha praia, no emotivo silêncio dos meus pensamentos. Solto a mente das amarras a que estava adstrita e deixo-a deambular. Pergunto-me quantas vezes terei eu já estado naquele mesmo local, fosse a expurgar males da alma, libertar fantasmas, deixar partir entes queridos ou mesmo tão-só a alimentar o mais profundo do meu ser, sabendo não ter a resposta, nem sequer em números meramente aproximad...

Regresso a casa

  O meu gosto pela escrita recua, muito provavelmente, a uma juventude há muito vivida, espero, no entanto, que este recomeço me presenteie com uma inspiração renovada. No meu primeiro blogue, “Os quatro elementos”, fiz nascer o pseudónimo “ Sam Seaborn ” em julho de 2008, inspirado num personagem de ficção de uma série norte americana, a “ West Wing ”. Ele, o personagem, o Sam, vivia da escrita e penso, que já nessa altura, era tudo o que eu queria fazer. Escrevi, tentei, mas a verdade é que não tinha encontrado o meu “Santo Graal ” e desisti. Ou, assim eu pensava. Até que, num momento de impulso, em 14 de fevereiro de 2019, o último dos bons e grandes anos, algo em mim gritou mais forte, um sentir, uma necessidade interior, como que a exigir que voltasse à escrita. Nasceu o blogue “Copo meio cheio”. Acontece que, na escrita, como na vida, temos que nos procurar a nós mesmos, temos de nos encontrar, e, não sem alguma surpresa, foi no blogue “copo meio cheio” que penso ...