“Quando a vida não te pertence – Kate Miller (Texto 35 de 35)
Há pessoas transparentes, perfeitos livros abertos que a muito custo conseguem esconder um momento de simples desagrado ou um triunfo, por mínimo que seja, Vera Nunes e Cunha não era uma dessas pessoas. Duarte recorda-se da primeira vez que a viu, no velório e depois disso, quando a voltou a ver à porta do prédio de Rodrigo, ainda nesse mesmo dia. Uma primeira Vera que oferecia uma segurança que não parecia ter e uma segunda Vera desorientada, frágil e perturbada. A realidade caiu sobre ele pela certeza e consciência que a verdadeira Vera será pouco mais do que uma perigosa vendedora de ilusões que o terá muito provavelmente conseguido ludibriar até ao arrancar da viatura. Duarte corre como se a sua própria vida disso dependesse e segue em direção ao seu carro, entra, senta-se e arranca a grande velocidade em direção a casa, onde o seu lugar de estacionamento permanece vago. Avança apressadamente e corre pelas escadas acima, entra, agarra nas chaves suplentes da casa de Rod...