“Quando a vida não te pertence – A irmã, Parte II” (Texto 27 de 35)
Duarte deixou-a acalmar-se um pouco mais, perguntou se ela queria ir tomar o pequeno-almoço a algum lado. Ela acedeu, limitando-se a pedir apenas algum tempo para tomar banho e vestir-se.
No caminho
para a pastelaria, ela perguntou-lhe:
- Vais
prender-me?
- Se me
estiveres a contar a verdade não vejo razão para isso, mas não prometo que não
sejas chamada a prestar declarações. Temos de descobrir o que aconteceu lá em
cima.
- Claro,
entendo.
Permaneceram
em silêncio enquanto caminhavam e mesmo durante o pequeno-almoço. Duarte, a
seguir, conduziu-a junto ao mar até encontrar um local onde fosse possível
estar à conversa com a privacidade necessária.
- Se não foi
o Jaime, quem é que foi o homem que esteve com ele no telhado?
- Pode ter
sido o Pedro, porque o vi a chegar quando eu estava a sair, não sei se ele
reparou em mim, mas penso que não. E o que vou dizer a seguir é algo que foi
mantido em segredo estes anos todos.
Ela sente a
pressão e o corpo a tremer.
- Acredites
não acredites, Rodrigo teve um caso com a Rosa, que durou ainda algum tempo e o
Afonso é filho de ambos e foi algo que o Pedro aceitou e que honestamente
acredito que aceitou bem.
- Então e o
que terá feito o Pedro largar o trabalho e ir lá cima, ainda para mais, pouco
tempo depois da Rosa lá ter estado?
- Não sei,
terás de lhe perguntar, mas que porra?
Duarte
mantém-se imperturbável.
- Foi
motivado por alguma questão financeira?
- Não sei, a
Rosa disse-me que ele não estava a ajudar com as despesas faz já algum tempo,
por isso, sim, é possível tenha sido por dinheiro.
- O que é que
pensas fazer agora?
- Não sei,
ficar, talvez. Depois disto tudo, voltei a falar com o Jaime e vai tentar
encontrar-me um trabalho, seja num café, seja num restaurante, seja limpezas,
faço qualquer coisa. Vou tentar chegar a acordo com o Pedro e tentar ficar com
a casa. Desta vez quero mesmo recomeçar, um dia de cada vez, mas quero honrar
tudo o que ele fez por mim.
Que novelo mais complicado.
ResponderEliminarTanto nó!
(sorrisos) Obrigado e abraço
EliminarMesmo não tendo tido contacto com a narrativa, constata-se o mesmo brilho literário de sempre.
ResponderEliminarParabéns, João
Muito obrigado pela simpatia, abraço e boa semana
EliminarPronto. Agora um segredo revelado: um caso, um filho, dificuldades financeiras...Ainda não dá pra desconfiar de quem seja causador (a) da morte de Rodrigo.. Se é que haja algum.
ResponderEliminarParabéns João, és excelente escritor.
Beijo pra ti...
Penso que o texto de amanhã vai ajudar (ou levantar ainda mais questões) :)
EliminarUm beijo, obrigado e boa semana inspirada
O texto continua mantendo o mistério, mas acho que a pessoa menos provável é Marta.
ResponderEliminarUm resto de lindo dia.
Se eliminar a Marta da lista já estará a reduzir o número de suspeitos (caso não tenha sido um acidente)
EliminarComo só agendei até ao texto de amanhã não tenho já assim tão presente os últimos textos, mas sei que o de amanhã, sexta-feira termina com algo adicional e provavelmente chocante (sorrisos)
Um beijo e uma semana inspirada
O caso está bem difícil de resolver... mas tanto o Duarte como o João Santana Pinto são bons investigadores :)
ResponderEliminarEstou a gostar muito do enredo.
Beijos.
Acabou por ser um conto em que, apesar de ter escolhido algo em que já tinha avançado em contos anteriores, acabei na mesma por sair um pouco da zona de conforto, quer pelo número de personagens, quer pelas experiências feitas e sobretudo pelo número de caminhos aberto e pelo número de textos.
EliminarObrigado, um beijo e boa semana
Sinceramente , João desta vez superou-se a si mesmo. Já tinha gostado imenso dos outros contos de mistério, que publicou mas este suplanta qualquer dos outros dois que li e não me refiro ao tamanho mas em qualidade. Fico baralhada com os "berlindes" em que vou tropeçando. Temos um Jaime de que nunca gostei, mas há qualquer coisa que não me faz pensar nele como assassino. Temos uma personagem mistério de que falou umas duas vezes, um tal senhor que lhe prometeu torná-lo um homem muito rico, quando ainda era um jovenzinho, mas de que o autor parece ter-se esquecido. Será o assassino ? Pode ser, mas também pode ser um "berlinde". A Vera parece suspeita, mas... tanto pode ser uma ex-amante do Rodrigo como alguém com quem ele tinha ligações de outro nível. Até pode ser aquela investigadora que conhecemos no caso do alemão. E por falar em alemães será que este são inocentes? A Marta, parece uma personagem criada de propósito para se acreditar que foi a assassina. Precisa da casa, precisa de dinheiro, é uma viciada ou ex-viciada, mas, a mim não me convence. De modo que espero bem que o Duarte encontre o fio à meada, que eu estou completamente enleada neste mistério.
ResponderEliminarAbraço e saúde
(Sorrisos)
EliminarMuito obrigado pelas palavras, pela presente e apoio desde o primeiro momento.
Foi claramente um conto que me divertiu e desafiou e que pelo distanciamento que consegui ter acabou por ser útil para me aperceber de algumas das oportunidades de melhoria.
Há aquela expressão de que nem tudo o que brilha é ouro e no fundo resta saber se os personagens são o que parecem ser ou apenas uma ilusão pela aparência.
Ainda falta saber um pouco mais de Jaime e com isso vamos saber também um pouco mais de Rodrigo.
E sim, concordo, há muitas “aparências”, muitos “berlindes”, que têm esse mesmo intuito de esconder o jogo, de induzir em erro ou muito simplesmente de omitir.
Há por explorar (não digo que vá ser feito) o tal senhor, o responsável pelo cargo anterior de Rodrigo), temos a Vera, que surge no primeiro capítulo e posteriormente às voltas à porta do prédio onde Rodrigo morava, com uma ligeira referência a ela numa das falas de Rosa ainda no velório.
Ambos podem ser apenas isso, um a comprovar que Rodrigo aceitou vender a sua alma em troco do cargo apesar de não sabermos muito bem em troca do quê e outro, que para já parece não oferecer grande coisa para lá de terem sido colegas de trabalho e hoje ela trabalhar para o inimigo.
Vera não é a Kate (aquela investigadora de um conto anterior), mas se não o disse antes, posso o dizer agora, cheguei a escrever uns bons textos com o surgimento de Kate e acabei por os “destruir” e mudar de rumo, ou não seria um conto com 35 textos, mas sem termo à vista (sorrisos)
Por um ou outro comentário, parece-me que a marta já travou amizades por estes lados e enquanto uns a querem ver recuperada, a maioria parece acreditar que ela não tinha motivos para matar o irmão.
Abraço e boa semana
E a investigação continua e bem. Neste momento temos a Marta e o Jaime que lhe prometeu emprego antes da morte do Rodrigues e também agora. Também temos o Pedro que esteve
ResponderEliminarlá em cima no bendito algeroz. A dúvida está no assunto que o fez subir até lá. Com tanta gente a subir e a descer não me admira nada se aquilo não terá cedido e o Rodrigo veio parar cá abaixo.
Enfim, só especulações :)
Abraço
Olinda
(sorrisos) Por vezes as soluções mais simples são as mais acertadas.
EliminarAbraço, obrigado e boa semana
Para mim, Marta, é uma mulher sem rumo e em sofrimento, mas não assassina. Tal como a Elvira, estou mais para gente de fora da família, talvez o tal senhor, ou um similar.
ResponderEliminarVamos ver... estamos já tão próximos...
EliminarUm beijinho para ti e estou grato á blogosfera pelas pessoas incríveis que me fez conhecer.
Mais um ponto interessante, o que terá levado o Pedro a também ir nesse dia ter com o Rodrigo?
ResponderEliminarQuanto à Marta, quero acreditar que ela tem mesmo vontade de mudar para melhor o rumo da sua vida. O Jaime para mim é uma incógnita.
Vou continuar a por a minha leitura em dia.
Beijinhos
Tantas palavras depois, e apesar de me faltar a “revisão final” ao último texto (que pode ainda mudar tanta coisa) Marta foi umas das personagens que achei que teria abertura para crescer um pouco mais, e certa forma Rosa também.
EliminarBeijinhos, obrigado e um bom fim de semana