Desafio 1 – “O Retorno”:
Desafio 1 – “O Retorno”:
Escreve um texto, poema
ou pequeno conto, onde a personagem principal (podes ser tu, podes ser outra
pessoa) volta a encontrar a sua antiga paixão ou talento (pode ser a escrita,
mas pode ser outra coisa). Conta como foi esse reencontro — que sentimentos
despertou, que obstáculos teve de ultrapassar, que mudança gerou na sua vida.
Pode ter um tom realista, poético, até metafórico. Limite: 500 palavras.
Janelas abertas. Um sol que
começa nas despedidas. A brisa
refrescante alimenta a metamorfose da tarde em noite. O fim de Outono em puro esplendor. Lá fora, as
cores adocicadas das folhas que caem. Odores húmidos a erva molhada e os sons relaxantes
dos pingos da primeira das chuvas. Tão bom, pensa.
Deixa-se antes cair com
suavidade na cadeira da secretária. O computador ainda está ligado. Pousa a
chávena do lado direito, junto ao candeeiro. Deixa-se por este iluminar. Mantém
o livro no colo, bem junto a si. Aperta-o com as mãos. Fixa o olhar no explorador
de arquivos no centro do ecrã. Um ficheiro em específico.
Abro, não abro… As mãos
tremem-lhe, um pouco mais do que o normal. Inspira e mantém suspensa a
respiração. Uma fração de segundos. Expira. Deixa descair o xaile que tinha pelas costas. Mantém
o dedo no botão esquerdo do rato. Olha para o ecrã. Clica.
Faz por se lembrar. Deixou de
escrever ou deixou de gostar? Os lábios traduzem um misto de mágoa e tristeza.
O olhar desce e reflete a ausência de brilho. Pernas inquietas. Ossos que reclamam.
Escolhe um texto
aleatoriamente. Abre o documento. Interrompe o momento. Levanta-se e fecha a
janela.
Olha para o monitor sem se
sentar. A vida em suspensão. Era o título. Os dedos hesitam. Aguardam não sabe
bem o quê. Uma garganta que seca. Um coração que dispara. Retira os óculos da
gaveta da secretária. Dá início à leitura. Morde o lábio e franze as
sobrancelhas. Inspira e expira profundamente. As palavras são dela. O ritmo é o
dela. E a inspiração?
Agarra na chávena de chá, que
não deixou chegar aos lábios. Volta a pousá-la. Escolhe um outro texto.
Lágrimas de Inverno. Sente novamente um pulsar mais forte. Desta vez, uma
energia que já não costumava ter. Acende o candeeiro de pé, de serviço aos dois
cadeirões do pequeno escritório. Corre o cortinado. Ombros um pouco mais soltos
e um olhar que ao cruza-se com o espelho de parede, este sorri. Volta a
sentar-se. O chá já não deita aquele aroma particular que o caracteriza. Passou
do ponto. Está frio. Depois fará outro.
Passa de texto em texto, de
conto em conto. Eram dela. Sim, seus. Olha para baixo, para o livro que nunca
chegou a largar. Abre um novo documento em Word.
Brota um primeiro parágrafo.
Só um. Seguido de outro. E mais uns poucos…
Observa novamente o seu
reflexo no espelho de tons dourados. Uma feição rosada, dois olhos luzentes. Mãos
confiantes. Uma voz que não treme. A sua, a conduzir mãos que dançam num
teclado de pura melodia.
Ah!
ResponderEliminarAssim vale a pena!
Gostei muito de te ler e, digo-te que estás com uma prosa mais solta e diálogos com bem maior vivacidade.
Que bom teres voltado!
Um abraço
A vida é como uma chama que brilha intensamente por um momento, iluminando os nossos caminhos e deixando a sua marca. Cada instante é precioso, e devemos aproveitar cada respiração, cada sorriso, cada momento de luz que nos é dado. Afinal, é essa luz que nos faz sentir vivos e nos lembra da beleza de simplesmente existir.
ResponderEliminarOlá, João
ResponderEliminarQue alegria!
Vi o seu comentário lá no meu blogue e vim logo
a correr.
Amanhã leio com mais vagar este seu texto.
Grande abraço.
Olinda
What a moving story about rediscovering a lost passion and the quiet hope it brings back. It captures so well the delicate balance between doubt and renewed joy. I just shared a new travel post. I am excited for you to read it. Thank you. Happy weekend.
ResponderEliminarUncle Sam, diz-me o nome da vacina que tomaste, também necessito dela como de pão para a boca.
ResponderEliminarahahahahah
Às vezes é preciso tomar balanço...
ResponderEliminarExcelente texto, gostei de ler.
Boa semana.
Um abraço.