“Quando a vida não te pertence – Que família…, Parte II” (Texto 24 de 35)
- Meu maninho, só te queria ver…
-
Não tenho nada Marta, ainda agora a Rosa veio cá para me pressionar que tenho
as prestações do Afonso em atraso. Reforça ele que a interrompe com
impaciência, desgastado ainda pela conversa anterior e a acabar por falar ao
mesmo tempo desta.
-
Meu querido menino, não me estás a ouvir. Por favor, deixa-me falar. Não quero
dinheiro. Não quero o teu dinheiro. E não entendo o que tu e o Pedro conseguem
ver naquela gaja, tirando a vulgaridade. Há mais mulheres na terra, sabiam?
-
Desculpa, avança e diz então, tenho de acabar isto e não está a correr bem, há
folhas a entupir até ao cú de judas, não consigo imaginar como é que isto ficou
assim.
-
Só necessito de um sítio para ficar, um qualquer sofá ou colchão chega. O Jaime
arranjou-me o que fazer.
Ele
gesticula irado.
-
Marta, eu não acredito, estás em recuperação, a dependência é para a vida e tu
vais trabalhar com um traficante? Foda-se Marta, raios te partam. Não sei o que
te diga, não te quero aqui, não tenho lugar na minha vida neste momento para
complicações.
Ela
ia para argumentar qualquer outra coisa, mas ele não a deixa falar. Respira
profundamente, faz por sorrir e apresenta-lhe uma outra solução.
-
Irmã do meu coração, mando-te dinheiro assim que conseguir, nos próximos dias,
ou mesmo amanhã à noite.
-
Não tenho onde ficar, não tenho para onde voltar.
-
Tenho um comprador para a casa.
Mentiu.
-
Espero sair daqui nos próximos dias, o meu trabalho aqui está quase feito e o
dinheiro da venda da casa será teu na quase totalidade. Respira, acredita em
mim e escolhe um hotel barato para ficar, pelo menos até eu te transferir dinheiro.
-
Rodrigo, devo preocupar-me?
-
O Pedro deve-me algum dinheiro e a partir do próximo mês passará a depositar na
tua conta desde que te mantenhas limpa, essa é a condição.
Voltou
a mentir.
Solta
ainda um “Não te preocupes, vou apenas recuperar a minha vida de volta, tenta
manter-te fora de sarilhos, gosto muito de ti irmãzinha, simplesmente já não
consigo continuar a fazer o que toda a gente parece esperar de mim”.
Vícios privados que têm consequências terríveis?
ResponderEliminarPenso que têm quase sempre.
EliminarJá dá! Já dá para comedntar, de novo :-)
ResponderEliminarHoje ao ler este capitulo, dei comigo a perguntar-me: A qauem pentenceria a vida de Rodrigo?
Finalmente a grande questão… será que vai haver resposta? (sorrisos)
EliminarUm beijinho para ti
Li atentamente, mas de momento não me ocorre nada que já não tenha dito no post anterior.
ResponderEliminarSe o Rodrigo sabe que o Jaime é um traficante, a minha aversão ao Jaime desde o início tem razão de ser, o que não quer dizer que seja ele o assassino ou o mandante.
Abraço e saúde
Sim, a Elvira reagiu ao personagem desde o início, o que para mim é algo de bom (sorrisos). Penso que já tive oportunidade de lhe dizer antes e agora digo aos demais. Gosto sempre muito de obter a vossa reação a um personagem, nem que seja de aversão, porque qualquer sentimento/sensação que provoque acaba por lhe dar valor e fico a considerar que o desafio quanto ao “nascimento” desse personagem foi superado.
EliminarAbraço, obrigado
Então a Marta também sabe que o sobrinho é filho dele? Fala tão naturalmente nas prestações que deve , referentes ao Afonso, que nos faz crer que ela também sabe, Muito estranho !!! Beijinhos, Amigo e vamos lá....esperar com paciência
ResponderEliminarEmilia
Para mim, enquanto leitor, considero que a história ficou apenas entre a família, considerando que Marta terá ficado a saber pelo irmão Rodrigo, partindo do pressuposto que nunca os apanhou em flagrante delito.
EliminarMarta sabe, para mais, num dos diálogos entre cunhadas disse para Rosa (algo parecido com isto) que esta era tão maluca quanto a mãe, mas que pelo menos a mãe era uma mulher honrada (e não me recordo se alguém reagiu a este diálogo em específico).
Beijinhos e obrigado
Cadê o meu comentário de ontem? Não apareceu? Tenho de comentar de novo ou esqueceu-se de o publicar?
ResponderEliminarAbraço e saúde
A Noname ontem estava com dificuldade em publicar e eu ontem, apesar de ter estado estes últimos dias sem acesso a computador, publiquei (carreguei no aceitar) todos os comentários que foram surgindo... Parece-me que o blogger carece de manutenção e que está ao abandono faz uns bons anos. Estas empresas deixaram de apostar na criação de blogues deste tipo e o negócio acaba por estar apenas do lado dos que são pagos...
EliminarHoje vou tentar responder aos vossos comentários e ver o que é que têm andado a "fazer" na minha ausência (sorrisos)
Acabou de acontecer algo muito estranho que pelo facto de aprovar sempre pelo e-mail porventura nunca dei por isto.
EliminarA Olinda comentou, eu publiquei, fui através do e-mail à moderação de comentários porque vi que tinha lá mais dois comentários para aceitar e um dos comentários da Olinda estava como Spam… valeu que vi ou ficaria por aceitar no meio dos outros publicados.
Olá, João
EliminarSó agora vi este seu comentário sobre o spam. Tem acontecido muito no meu blog.
Ontem tive de resgatar 5 comentários que tinham sido enviados para ali.
A Cidália hoje fez um post a alertar para isso.
Abraço
Olinda
Também acabei por resgatar ontem uns 5 ou 6 comentários. Entre isto e os comentários que não ficam publicados, o blogger parece não parar de "dar tiros nos pés"
EliminarAqui o meu espanto faz eco ao da Emília. O facto de Rodrigo pagar prestações
ResponderEliminarrelacionadas com o Afonso o filho/sobrinho. Afinal essa situação é do domínio de
todos, penso. E vemos que Rodrigo se sente pressionado de todos os lados e que,
de facto, o título da história começa a fazer sentido. Se assim for, quem será afinal o
protagonista desta trama? Espero para ver....
Abraço Olinda
Ora, a continuação da minha resposta aos seus últimos comentários (sorrisos)
EliminarNo fundo, se a vida não lhe pertence, como pergunta a Noname, a quem há de pertencer?
Mas, para mim, há que considerar que ou acontece isso e a vida não lhe pertence (e há muito mais por justificar) ou não é bem disso que se trata… e a questão estará dele sentir que a vida não lhe pertence o que pode parecer igual, mas não é.
Sabemos que está a ser pressionado por Rosa e Marta, haverá mais alguém a pressionar?
Em todo o caso, espero no final disto tudo não me esquecer de contar o primeiro final que pensei escrever…
Abraço e boa semana
Que família! É verdade! O "pobre" do Rodrigo é "bombardeado" de todos os lados.
ResponderEliminarBoa semana.
(sorrisos)
EliminarTalvez o tenha feito nas minhas primeiras respostas a comentários, mas já tive oportunidade de referir que este exercício de escrita acabou por ser intenso e exigente, dado ter revisto a história umas poucas de vezes e alterar em muito os pensamentos iniciais e olhar para os personagens e achar que os queria mais reais ou o querer tentar ter histórias e acontecimentos dentro da própria história ou ainda o querer manter o final em aberto o mais tempo possível.
Já anteriormente “queixava-me” de só escrever personagens perfeitas e que a falar não divergiam muito (é o meu espírito crítico, não consigo retirar demasiado dos comentários) e tentei neste ter isso mesmo, uma linguagem diferente e posições diferentes entre os personagens (umas vezes mais bem-sucedidas do que outras – a Céu já conhece o meu espírito crítico em relação ao que escrevo – sorrisos).
Tudo isto para dizer que nunca tinha feito tantas experiências como acabei por fazer neste conto e aqui e ali sinto alguns dos diálogos forçados (daí as minhas referências anteriores ao receio de transformar-se numa telenovela venezuelana/mexicana). Ainda assim, retiro muitas ilações do muito que há a melhorar e foi de facto divertida a viagem e muito em particular, a vossa companhia.
Um beijo e boa semana