“Quando a vida não te pertence – O irmão, Parte I” (Texto 28 de 35)
Falaram um pouco mais, mas já numa postura mais descontraída. Ela contou-lhe as recordações mais antigas que tinha de Rodrigo, a falta que o irmão lhe fazia e o quanto arrependida estava do rumo dado á vida e do mal que tinha feito aos que dela gostavam ou do mal que tinha feito a si mesma.
Quando Marta
se despediu, Duarte ficou ainda alguns minutos sentado a olhar o mar. O café
tinha feito o que dele se pretende, apesar de começar a achar estar a precisar
de um outro. As duas horas que conseguiu dormir estavam a revelar-se
manifestamente insuficientes, mas, entretanto, já tinha combinado estar com
Pedro durante a hora de almoço deste.
Perante a
hipótese de homicídio, algo que em momento algum tinha pensado como possível,
Pedro não foi capaz de mentir sobre que tema fosse e revelou-se um livro
aberto.
O casamento
com Rosa estava acomodado e desgastado pelos anos e ele aceitou a traição.
- Já vivi
muito Duarte e não é o sexo que me vai fazer amar a Rosa menos. É um amor
diferente dos primeiros anos, eu mais jovem e nós com mais desejo, mais
intensidade.
Mantém uma
conversa franca sem esconder o choque sobre a possibilidade de alguém ter matado
o irmão.
- Nem eu nem
Rosa colocámos em cima da mesa tal possibilidade, é algo de tão estranho. Nem
sei o que dizer.
- Mas a
hipótese suicídio já te parecia credível…
- Duarte, não
imaginas a pressão a que ele esteve sujeito quando aconteceu aquilo no hotel.
Foram noites sem dormir, eram dias passados ao telefone a justificar-se perante
os bancos, clientes e fornecedores, trabalhadores, jornalistas e advogados.
Pensei o pior.
- Acredito
que não tenha sido fácil.
- Tudo isto
arrastou-se por três anos, sem trabalho, com as despesas a cair, até que lhe
deram a mão naquela outra empresa.
- Porque é
que ele não escolheu ir para fora?
- Com termo
de identidade e residência? Que multinacional contrataria alguém suspeito de
desviar milhões?
Quando só se vê negritude a vida muitas vezes deixa de fazer sentido
ResponderEliminarParece ser um pouco o voltar ao início do texto, mas quando me decidi por esta abordagem, achei que fazia sentido abordar com Pedro os motivos que o faziam, a ele e a Rosa, acreditar na hipótese suicídio. Seja para esclarecer, seja para confundir, caso Pedro tenha feito algo de errado, com ou sem Rosa conhecimento.
EliminarO comentário ficou?
ResponderEliminarFicou sim, o meu tempo é que tem sido reduzido e demorei a publicar (isto apesar de ontem ter retirado uns 5 ou 6 comentários do spam… )
EliminarÉ preciso coragem para falar assim, da vida intima, com um amigo! Não vou imaginar nada, João! Vou deixar correr...
ResponderEliminarBeijinhos e saúde para todos
Emilia
Ou coragem ou uma forma de tentar ocultar a existência de um motivo. E aqui, estou só para vos dificultar a vida… mas se olharmos para Pedro como aquele que foi traído pela mulher e pelo irmão e que aceitou o filho como seu, continuou a amar Rosa e a dar-se com Rodrigo, então, logo à partido, Pedro está fora da lista de suspeitos (caso não tenha sido um acidente). Agora, se Pedro estivesse a revelar qualquer outro sentimento antagónico estaria a escalar à lista dos personagens eventualmente responsáveis pela morte de Rodrigo.
EliminarBeijinhos, saúde e uma semana inspirada
Hoje limitei-me a ler, e vou esperar pelo próximo post, para ver se já há alguma luz sobre este mistério.
ResponderEliminarAbraço e saúde.
E fez muito bem. O próximo texto poe (ou não) ser um texto de virar de página (sorrisos)
EliminarAbraço, saúde e uma semana inspirada
Ah, então o Rodrigo viu-se em apertos por causa da empresa e processado, pois fala-se
ResponderEliminarem termo de identidade e residência.
O Pedro muito aberto ao contar da sua vida íntima. Isso não quer dizer nada. Admitindo
que poderá o culpado, também pode ser uma estratégia. Ele faz parte do grande interesse
do conto pois vemo-lo no lugar de irmão traído e embora diga que aceitara tudo muito bem
nada nos garante que seja assim.
Abraço
Olinda
Acabei de dar essa mesma resposta à nossa amiga Emília e no fundo, sem divulgar o que quer que seja, cabia tentar esconder o jogo e manter Pedro nos suspeitos por poder estar a dissimular ou mostrar um Pedro irritado e mesmo talvez um pouco violento para com Rodrigo e o colocar logo como favorito ao prémio… e partido do pressuposto que fiz por explorar todos os caminhos, suicídio, acidente e homicídio, pelo menos a tentativa foi de (não admitindo nada ao nível do caminho final escolhido) um Pedro com pelo menos a aparência de aceitar, por amor a Rosa e com a criança a ajudar a recuperar a própria relação (só o final poderá tirar dúvidas).
EliminarObrigado pela presença, abraço e boa semana
Uma conversa interessante entre Pedro e Duarte, todavia ainda não se levantou nem uma pontinha do véu.
ResponderEliminarUm feliz dia.
Estamos a duas semanas do fim… É uma questão de tempo (sorrisos)
EliminarUm beijo, obrigado e um dia feliz
Não sei o que dizer. Tenho acompanhado processos de reestruturação em curso e, conflito de interesses, são o prato do dia. As empresas de cariz familiar são um videiro de simulacros.
ResponderEliminar.
Se o Rodrigo se tivesse suicidado nesse período terrível e negro da sua vida, até se entendia, mas agora passado tanto tempo não me parece, a menos que ele se tenha envolvido novamente em outra situação complicada.
ResponderEliminarBeijinhos
Vamos ver (sorrisos)
EliminarPelo menos, voltei a conseguir comentar e responder no blogue... menos mal.
Beijinhos, obrigado e um ótimo fim de semana