“Quando a vida não te pertence – Os traficantes, parte I” (Texto 30 de 35)
Por mais do que uma vez achou estar num beco sem saída e umas outras tantas pensou, não sem ironia, que o mais importante acabava por ser o dia não estar frio. “Mas que raio é que eu estou a fazer?” “A estragar a minha própria vida muito possivelmente”. Num monólogo em desespero de causa de perguntas sem respostas, a deixar em Duarte um sentimento de frustração e desalento. Sentia agora que não conhecia Rodrigo e não sabia muito bem em quem acreditar ou no que acreditar. Rende-se aos factos, no sentido de Pedro ter acertado num ponto frágil. Os extratos bancários não mentem e se não tinha como confirmar os pagamentos mensais pela criança ou outro tipo de gastos com o filho, a verdade é que tinha a perfeita lembrança do grande arranjo que o carro sofreu antes deste o dar à troca pelo novo e nos registos bancários não encontrou despesa alguma de relevo na meia dúzia de movimentos mensais. A conversa com Pedro acabou por prolongar-se por mais uma hora e meia e Duarte achou estar...