“Quando a vida não te pertence – O irmão, Parte II” (Texto 29 de 35)
A hora do almoço acabou por se prolongar sem que nem um nem outro tenham comido o que quer que fosse, limitando-se a permanecer num banco de jardim em frente ao escritório onde Pedro trabalhava.
- Desculpa,
mas tenho de te perguntar isto, respondes se quiseres, mas quando tiveres de
prestar depoimento vais acabar por ter de dizer alguma coisa.
- Diz.
- Porque é
que lá foste acima e qual a razão para já não lá estares quando o incidente
aconteceu?
- Recebi uma
chamada da escola do Afonso a dizer que o estavam a levar para o hospital, caiu
e partiu o braço em dois lados, podes confirmar.
Duarte acena
afirmativamente e pediu-lhe para continuar.
- A Rosa
estava furiosa, ele não pagava o valor que se tinha comprometido para as
despesas com o Afonso faz mais de seis meses, mas não foi isso que me fez
largar o trabalho e ir lá ter.
- Então o que
foi?
- Ele
mandou-me uma SMS a pedir para dar dinheiro à Marta e a dizer uma quantidade de
coisas a tentar puxar ao sentimento. Tentei ligar-lhe irritado, mas não me
atendeu e depois da chamada de Rosa, literalmente passei-me e fui ter com ele.
- Era assim
tão importante? Tinhas mesmo de fazer isso naquele momento? Não me parece algo
que não pudesse aguardar pelas 17 horas.
Ele respira e
parece hesitante.
- Duarte, o
meu irmão tinha muito certamente outros rendimentos. Rendimentos não
declarados. Não sei se provinham de lavagem de dinheiro, como a Rosa acredita,
não sei se eram drogas e se não será essa a razão da Marta andar sempre atrás
dele.
- Acreditas
mesmo nisso?
- O meu irmão
só andava com roupa de marca e não era assim tão difícil de alguém se aperceber
que ele não repetia assim tanto o que vestia.
- Ele tinha
poupanças. Vi pelos extratos bancários.
- Sim e viste
nos extratos o que ele gastou com o Afonso nos seus primeiros dois anos de
vida? Com roupas, tudo o que foi mobilado no quarto, o carrinho de bebé, a
mensalidade de duzentos euros, viste alguns desses pagamentos nos extratos
bancários?
Perante o
silêncio de Duarte e sem lhe dar muito tempo para pensar, continuou:
- Será que
vistes nos extratos as reparações diversas que o carro antigo sofreu?
Lembras-te de que até teve de levar um motor novo. Vocês já eram amigos.
Duarte
lembrava-se.
- Sim,
Duarte, O meu irmão vivia numa casa vazia, mas a puta dele vive num apartamento
em Lagos com vista para o mar.
- Como assim?
Bom, isto começa a aquecer. Vamos conhecer uma nova personagem, ou o Pedro refere-se à Vera? A ver vamos, como dizia o outro.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Já chega de novos personagens (sorrisos) Se bem que foi mais ao menos nesta fase que eu inseri e depois deitei fora umas poucas publicações com Kate, a agente... a personagem do conto anterior, mas vi que as 35 publicações iriam dar origem a outras tantas e voltei atrás e pensei num caminho alternativo para apresentar o final...
EliminarEspero que esteja bem, abraço, saúde e um bom fim de semana
Pedro, o acomodado, que aceite a traição da mulher com o irmão, numa mansidão que não o dignificxa em nada. Cobarde demais para se separar e até, penso eu, para assassinar alguém.
ResponderEliminarSim, concordo com as caraterísticas (acomodado e cobarde), pelo menos perante Rosa, mas, quantos homens (e mulheres) é que não mudam a postura perante a pessoa com quem estão? E esse foi o ponto que quis abarcar com estas caraterísticas que ofereci a Pedro.
EliminarUm beijinho para ti, não te vou dizer se Pedro matou ou não (sorrisos)
Credo! Quantas revelações!... Está aquecendo, mas não vislumbro ponta de como terá sucedido.
ResponderEliminarBom fim-de-semana!
(sorrisos)
EliminarObrigado e bom fim de semana
- Como assim, pergunto eu, outra personagem pra esquentar a história? Estamos quase chegando ao final, e a curiosidade dos seus leitores fervilha . Risos.
ResponderEliminarBeijo carinhoso pra ti, sem mistérios.
(sorrisos) Nada disso, já chega de novas personagens
EliminarObrigado, um beijo e um ótimo fim de semana
Continuando a história...
ResponderEliminarAbraço, bom final de semana :)
Obrigado, abraço e bom fim de semana
EliminarEste texto já levanta um pouco a ponta do véu, todavia algumas surpresas surgirão ainda, acho.
ResponderEliminarUma mulher de má porte vivia à custa de Rodrigo? E o que terá a ver essa mulher, direta ou indiretamente, como o a morte de Rodrigo? Se tiver, saberemos depois.
Lindo fim de semana com luz e calor, mas ainda não aquele que gosto. Talvez no Alentejo e em Marrakech, ele já se faça sentir.
O texto termina de uma forma “forte” e o que quis “demonstrar” com este ponto foi talvez o facto do ser humano muito facilmente ser capaz de ser mal por despeito, por ciúme ou por muito simplesmente o alvo seja alguém que não lhe é próximo.
EliminarEstá ótimo para aproveitar o pôr-do-sol… Um beijo e bom fim de semana
Retificando no meu comentário acima: mulher de mau porte e não de má porte. Sorry!
ResponderEliminarAs revelações começam a levantar o véu desta história que sigo com interesse.
ResponderEliminarMuita saúde, meu Amigo.
Um beijo.
Um beijo, obrigado, muita saúde e um excelente fim-de-semana
EliminarBem cada vez mais interessante, o Rodrigo tinha mesmo uma vida dupla.
ResponderEliminarBeijinhos
O Rodrigo é um personagem que começa como um anjo, uma vitima, um exemplo de perfeição e está a terminar como uma pessoa, com defeitos a acabar, no caso dele, por começarem a abafar as virtudes (as muitas que também já demonstrou, mas que acredito que nesta fase, quem leu, já comece a delas não se recordar por tudo de mau que está a vir à luz do dia… (pelo menos foi a minha tentativa, foi o que pretendi com o personagem)
EliminarMuito obrigado pela presença e resistência, um beijinho e um ótimo fim de semana
A névoa que envolvia a vida de Rodrigo começa a dissipar-se. Já se fala em outros rendimentos, roupas de marca etc. Uma vida paralela, em suma.
EliminarAbraço
Olinda
É provável que me esteja a repetir, mas o que pretendi com os textos iniciais (em relação à personagem Rodrigo) acabou por ser criar um ambiente que de certa forma o “santificava” e gradualmente dar a conhecer alguém que sem ser mau se perdeu (pelo menos era essa a ideia) e tentar provocar a quem leu uma desilusão para com o personagem.
EliminarAbraço e um fim de semana inspirado